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Whiplash.Net - Heavy Metal

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Septic Flesh - Communion (2008)

Nunca ficou realmente claro o motivo de uma das mais criativas bandas do underground grego ter encerrado suas atividades em meados de 2003, depois de uma trajetória de 13 longos anos em prol da música extrema. O Septic Flesh havia liberado nesse momento um ótimo registro chamado "Sumerian Daemons" e logo depois, simplesmente anunciou seu fim.


Mas eis que, felizmente, em 2007, a carne se renova... Spiros 'Seth' (voz e baixo), Christos Antoniou (guitarra) e Sotiris Vayenas (guitarra) decidiram voltar ao cenário com planos grandiosos para seu novo registro. E "Communion" é o fruto que marca o retorno do Septic Flesh com todas as honras possíveis, mostrando que a ambição sempre exibida em seus discos continua em alta.

E põe em alta! Para esta gravação foram utilizados os serviços de uma orquestra composta por 80 músicos e 32 cantores, orientada por ninguém menos do que o próprio guitarrista Christos Antoniou. Assim sendo, muito da estética de seu último álbum agora está envolvida por toda uma dinâmica até então inédita mesclada à peculiaridade de seu rico Death/Black Metal.

As músicas são simultaneamente intrincadas e pegajosas, tendo em “Lovecraft's Death” uma perfeita abertura. Vale mencionar ainda a própria “Communion” e “We The Gods”, duas faixas onde tudo é muito denso e distorcido, além de ocasiões ainda mais épicas como “Sangreal”, “Narcissus” e “Anubis”, esta última sendo a melhor música disparada do CD, e uma das melhores de todo o ano de 2008, com ótimo trabalho de vozes.

Durante a audição se observa a brutalidade do Heavy Metal extremo, a atmosfera bombástica da música clássica e ainda a aplicação de contrastantes melodias leves e muito bonitas. Extravagâncias à parte, “Communion” mostra que o versátil Septic Flesh ainda tem muito a oferecer ao público, sendo um disco altamente recomendável a quem aprecia bandas como Behemoth, Dimmu Borgir ou o clima meio ‘hollywoodiano’ que o Therion tem elaborado em seus trabalhos mais recentes.

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terça-feira, 13 de julho de 2010

Ozzy Osbourne - Scream (2010)

Não gosto de Ozzy. Acho a voz dele horrível. Não o acho um músico exemplar, tampouco um vocalista razoável. E isso inclui sua carreira solo e no Black Sabbath. Apesar disso, não nego a importância que Ozzy tem para o desenvolvimento do Heavy Metal. Ao contrário do que muitos pensam, não foi o Sabbath que inventou o estilo. Ele já vinha se desenvolvendo em bandas anteriores. Mas o boom deu-se com o Sabbath e, posteriormente, com bandas como o Celtic Frost, em outra "leva".

Acho que o Sabbath fez muito mais por Ozzy do que o contrário, tanto que pra mim o melhor disco da banda conta com o finado Dio nos vocais. Ozzy é uma figura carismática em seu meio. É engraçado, tem tiradas fantásticas e é uma dessas pessoas únicas. Coisa que a humanidade nunca mais conseguirá reproduzir de novo. Mas esse disco de 2010, Scream, foi um verdadeiro murro em meu rosto. Enfim algo de Ozzy que eu gostei. Gostei não, fiquei de boca aberta, mas sem morcegos.

Lendo as resenhas de Scream em sites especializados ou em sites "abertos", como o Rate Your Music, eu vi que o CD vem sendo massacrado pela crítica. Muitos acusam Ozzy de ter se "vendido" (fãs de Metal precisam de novos xingamentos), de ter feito um disco comercial, etc. Pois eu vou na contramão de todos e vejo nesse disco uma porrada autêntica. As letras são de fácil acesso, e Ozzy privilegiou as distorções de guitarra, que lembram muito o Black Label Society, de Zakk Wylde, além dos refrões. Você ouve a música uma vez e o maldito refrão fica na sua cabeça, mesmo se você não souber a letra ainda. Isso acontece em Let It Die, Let Me Hear You Scream e I Want It More.

Não sei os efeitos que ele usou em estúdio, mas a voz de Ozzy ficou muito melhor. Audível, forte. Se não tem a potência que muitos pedem (que, na minha opinião, nunca teve), é violenta o suficiente para o que o CD se propõe. Nas guitarras, o desempenho de Gus G. faz referências constantes a Zakk Wylde, como já foi dito. Se o disco não é aquele estilão anos 1970 que marcou o Sabbath e 1980, que proporcionou os melhores discos solo do MadMan (segundo especialistas, acho todos um lixo), paciência.

Ozzy se modernizou, deu uma nova roupagem ao seu Metal. Com o uso de distorções na voz que lembram Generator, do Foo Fighters, o Senhor Osbourne fez, enfim, um registro sólido, potente, que pode ser admirado, ouvindo-se o CD por vezes e vezes seguidas sem enjoar. Pra mim, o melhor disco solo de Ozzy. Danem-se Blizzard of Ozz ou qualquer outra coisa. É porrada.

1.Let It Die
2.Let Me Hear Your Scream
3.Soul Sucker
4.Life Won't Wait
5.Diggin' Me Down
6.Crucify
7.Fearless
8.Time
9.I Want It More
10.Latimer's Mercy
11.I Love You All

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segunda-feira, 12 de julho de 2010

Cynic - Traced In Air (2008)

"Traced in Air" ostentou o título de um dos álbuns mais aguardados da história do Heavy Metal. O motivo para tamanha expectativa é simples: "Focus", estréia e único trabalho (até então) desse grupo norte-americano natural de Miami chegou às lojas em 13 de junho de 1993 e foi aclamado pela crítica e pelos fãs, e hoje é considerado um dos maiores clássicos da música pesada e um dos primeiros discos a explorar, com extrema maestria, a união entre a violência e a brutalidade do Death Metal com a exuberância técnica e os intricados arranjos do progressivos.


Mas, para decepção geral, o grupo se dissolveu durante o processo de composição do que seria o seu segundo disco, com a relação entre os seus integrantes ficando insustentável. Passados longos quatorze anos, a banda se reuniu para um giro pela Europa em 2007 e, animados com a receptividade do público, resolveram entrar em estúdio para gravar o seu tão aguardado segundo disco.

O line-up atual conta com os integrantes originais Paul Masvidal (vocal e guitarra) e Sean Reinert (bateria), agora com a companhia de Sean Malone (baixo) e Tymon Kruidenier (guitarra).

Musicalmente, o som do quarteto, como era de se esperar, evoluiu muito, mas manteve as características que fizeram a fama de "Focus", como a alquimia entre gêneros que vão do já citado metal ao rock, passando pelo jazz e o fusion. As passagens instrumentais constróem diferentes e variadas texturas sonoras, resultando em uma música muito rica e repleta de detalhes, com cada elemento se encaixando com perfeição em seu devido lugar.

A voz de Paul Masvidal está mais carregada de sentimentos do que nunca, transmitindo sensações que nos levam de um extremo ao outro, da raiva a alegria, da dor ao êxtase. Sua guitarra soa limpa até em excesso, o que faz com certas partes de algumas composições transmitam, de forma intencional, uma certa frieza ao ouvinte.

O grande destaque de "Traced in Air", para mim, é a bateria de Sean Reinert. Tocando absurdamente, Reinert espanta por sua técnica, não ficando restrito aos limites do que a banda se propõe a explorar, mas trazendo elementos de fora para tornar o som do grupo ainda mais complexo e cativante. Ele é o contraponto perfeito de Masvidal. Se a guitarra de Paul é a mente do Cynic, a bateria de Sean é o coração pulsante do grupo.

São oito faixas que trazem um Heavy Metal muito diferenciado, extremamente técnico e hipnótico, composto com muito detalhismo e cuidado. Uma pequena obra-prima da música pesada, que faz juz ao passado dessa ótima banda.

Grande álbum! Só espero que o próximo não leve outros quinze anos para sair...